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Caminho Francês de Santiago

9 ETAPAS . 826 km . Altimetria = 12 086m

O caminho francês de Santiago é património mundial da humanidade e talvez de todos o mais conhecido e concorrido.

e às 14h30 estava na automotora a caminho de Saint Jean. A automotora que segue para Saint Jean é apenas uma carruagem e vai muito cheia, tive sorte de estar na zona da estação onde ela parou e conseguir entrar primeiro que os restantes ciclista que estavam na estação, no entanto deu para que toda a gente fosse nesta viagem. Às 16h chego finalmente a Bayonne. Às 12h19 estava noutro comboio a caminho de Irun (melhor opção que Hendaya). A minha viagem começou em Lisboa na Estação de Sta Apolónia e para poder levar a bicicleta sem a empacotar optei por reservar um compartimento de cama apenas para mim (182€), no entanto os corredores do comboio são tão pequenos que tive de tirar a roda da frente para conseguir entrar e com o revisor também em stress a dizer-me que afinal devia ter a bicicleta empacotada. Mas sem roda da frente lá consegui acomodar-me no meu compartimento e apesar do elevado custo confesso que fazer a viagem a dormir numa caminha é bastante agradável. Saímos de Lisboa às 21h30 e às 11h37 (hora francesa) estava a sair em St Jean-Pied-de-Port :o)

 

27.Agosto.2016

1º dia . Saint Jean - Villava - 66,6km . Altimetria 2230m (ponto mais alto - 1442m)

Acordei bem cedo porque queira atravessar os Pirenéus ainda com pouco calor e por volta das 6h00 estava a pedalar, no entanto esqueci-me que em em França e Espanha o sol nasce mais tarde e como não tinha luzes tive muita dificuldade em ver o caminho até por volta das 7h30. A passagem por dentro das muralhas de St Jean é muito bonita e assim que passamos a porta da muralha deparamos-nos com um estrada estreita e muito inclinada onde empurrei a bicicleta à mão. Passei em Hunto ainda com tudo fechado (albergue e meia dúzia de casas). O caminho até este pequeno lugar faz-se por estrada e é aqui que entramos em caminho de terra que é bastante complicado, podemos optar por seguir pela estrada o que me parece poderá ser uma boa opção uma vez que as dificuldades foram bastantes para subir pelo caminho de terra. Um pouco mais à frente voltamos à estrada e continuamos a subir e temos as primeiras descidas que nos levam a Orisson, um pequeno lugar com um albergue de montanha. Comi qualquer coisa no bar (bastante caro) e continuei para entrar na zona mais bonita deste dia. Uma estrada que serpenteia os Pirinéus, ladeada de campos verdes, com cavalos e vacas a pastar tranquilamente. Esta subida é muito dura no entanto a beleza da paisagem joga a nosso favor e permite que seja um dos momentos mais agradáveis de todo o caminho francês.

E de repente estamos a 1095 de altitude em Vierge Biakorri com um mirador onde podemos apreciar toda a vastidão da nossa subida que ainda não acabou. Pouco depois o caminho leva-nos para um relvado, que se transforma em terra com pedras grandes, difíceis e íngremes. Toca a sair da bicicleta e a empurrar com grande dificuldade, esta parte não se alonga muito e um pouco depois estamos a entrar novamente no alcatrão. E podemos até ter a felicidade de descer um pouquinho para logo depois voltar a subir e a chegar aos 1430m em Lepoeder onde encontramos a fronteira deixando França para trás e entrando em terras de "nuestros hermanos".

As setas não estão muito visíveis mas estão no lado direito do marco num caminho de pedra e terra. No entanto e a conselho de dois senhores que encontrei optei por descer por uma estrada de "cinza" que vai ladeando toda a descida e é muito melhor para a bicicleta. Indo pelas setas a maior parte do caminho terá de ser feita fora de bicicleta. Antes passamos por uma igreja grande e moderna, e aí teremos de virar às esquerda. Optei a conselho dos tais locais por descer pela estrada e é uma agradável descida até avistarmos Roncesvalle. O Mosteiro ou Colegiate estava em obras e entrei apenas numa pequena loja num pátio do mosteiro para carimbar a credencial. Avistamos aqui a primeira placa de distância para Santiago - 790km!

Segui o caminho que passa à direita deste sinal por entre árvores, uma caminho muito agradável e que vai descendo. Passamos algumas vezes por portões, não se preocupem é mesmo para passar (existem para controlar o gado). Até que voltamos às dificuldades e às subidas em terra batida e com grandes pedras, o que significa muitas vezes empurrar a bicicleta.

Subimos ao alto Mezkiritz (922m) para depois enfrentamos o famoso alto de Erro, como estava tão avisada para as suas dificuldades até que nem me pareceu um grande calvário, mas apenas mais uma subida com grande inclinação e calhaus, algumas partes na bicicleta outras as bicicleta em mim .o). O cimo de Erro é na minha opinião bastante feio, com uma carrinha a vender bebidas e uma grande antena de telecomunicações. A descida para a qual também estava bastante avisada deu-me um enorme gozo e foi muito desafiante, o único problema foi chegar ao final com os travões a começarem a "queixarem-se".

A terra que se segue é Zubiri onde podemos tomar algo ou abastecermos de água numa fonte junto aos cafés. Para chegar à fonte e cafés temos de passar a ponte, no entanto o caminho vira à esquerda antes da ponte. Segui sempre por terra batida, até entrar numa zona estranha onde tudo é cinzento (fábrica de magnésio) e temos uma forte descida por umas lajes em degrau largo.

Passei Larrasoãna e continuei por subidas e descidas entre árvores e atravessando portões, com pedras soltas e por vezes alcatrão e para termos tudo lá vem a famosa calçada romana com uma bela inclinação - toca a empurrar! Passei por Zuriain e Irotz, em Zuriain o caminho é muito estreito e é mais razoável seguir por uma caminho mais largo que está paralelo junto ao rio. E facilmente se chega a Villava onde optei por terminar este primeiro dia. Num bonito convento mesmo junto ao rio e a uma praia fluvial - 8€. Villava é uma pequena vila com pouco comercio e restaurantes mas o suficiente para comermos num bar ou fazer compras nos supermercados. Uma boa opção a quem quer fugir da confusão de Pamplona onde a maioria dos peregrinos opta por pernoitar.

A subida aos Pirineus é deslumbrante mas o cansaço nesta etapa é também muito, pelo que deve ser uma etapa mais curta.

 

28.Agosto.2016

2º dia . Villava - Los Arcos . 85km . Altimetria 1279m (ponto mais alto - 694m)

Depois de uma noite bem dormida e com as forças restabelecidas a alvorada foi às 6h00 e depois de um belo pequeno almoço comprado na noite anterior, fiz-me à estrada. Alguns minutos depois estava a entrar em Pamplona ainda adormecida e muito suja da noite anterior. As setas dentro da cidade estão no chão e é muito fácil de circular pela cidade e encontrar o caminho. O fluxo de peregrinos também é imenso nesta fase, uma vez que a grande maioria pernoita aqui. A saída da cidade é por uma zona universitária muito verde e ampla. Seguimos por estrada e após duas subidas entramos em Ciudade Minor. Na rotunda de Ciudade Minor seguimos em frente e pouco depois estamos a entrar em estradão. Quando o caminho sai do alcatrão e entra em terra batida, as bicicletas devem seguir pela estrada de alcatrão (esta zona do caminho é muito estreita e inclinada e a bicicletas vão incomodar os peregrinos e ter dificuldade em circular). O Caminho sobe em linha reta e a estrada vai ladeando em zig zag. Quando a estrada e o Caminho se cruzam subimos cerca de 50 metros pelo caminho e devemos virar á direita e voltamos ao alcatrão (esta parte do caminho recomendo fazê-la por esta alternativa). ATENÇÃO: Quando chegamos à rotunda grande, não precisamos de entrar nela pois temos à esquerda uma pequena entrada para a N1110 em direção a Astrain.

A N1110 é uma excelente estrada praticamente sem trânsito, onde apenas me cruzei com bicigrinos. As subidas são várias e longas mas vão se fazendo. No final de uma grande subida passamos pela indicação do mirador do Alto de Perdón (onde se quisermos poderemos reencontrar o caminho). Na dúvida se deveria ir até lá ou não outro grupo de bicigrinos aconselhou-me a não o fazer e a seguir pela mesma estrada, o que penso será a melhor opção. E dali até Puente de La Reina por uma muito agradável descida. Puente de La Reina como todas as terras que se seguem são históricas e bonitas. Seguimos para Cirauqui uma pequena vila muito bonita onde vale a pena perder um pouco de tempo. Lizarra/Estella é também muito interessante de visitar.

Ayegui (sempre pela nacional 1110). Em Ayegui e depois de um belo e típico almoço Basco chego à tão famosa e caricata fonte de vinho. Uma adega de vinho resolveu presentear os peregrinos criando uma fonte de vinho e de água para dar animo para o caminho - passagem obrigatória e muito gira! Depois de testar o vinho que por sinal é bom subimos um pouco e estamos junto ao mosteiro de Irache. Seguem-e algumas subidas fortes e difíceis, passamos por Azqueta e continuamos agora por alcatrão sempre a subir até Villamayor de Monjardín, não passamos mesmo na vila uma vez que o caminho nos manda virar á esquerda para grande felicidade uma vez que a localidade está no cimo de um monte.

Nesta fase o caminho é muito bonito, num estradão largo ladeado de campos verdes, castanhos e dourados. E assim chego agradavelmente a Los Arcos local final do 2º dia. Em Los Arcos alberguei-me no Amigos del Camiño - 6€. No final da etapa fiquei sem o travão da frente e infelizmente em Los Arcos não tenho onde arranjar. Esta é uma vila agradável com um largo onde se concentra a maioria dos peregrinos com vários restaurantes e uma igreja muito bonita.

 

29.Agosto.2016

3º dia . Los Arcos - Sto Domingo de La Calçada . 89km . Altimetria 1329m (ponto mais alto - 748m)

Acordei bem cedo e às 6h45, ainda sem luz estava a começar a rolar. Como estava sem travões optei por ir pelo alcatrão e penso que poderá ser uma boa opção, uma vez que o caminho sempre visível da estrada é bastante estreito, com elevações acentuadas e algumas partes de calçada romana. De inicio um pouco tensa devido ao problema nos travões mas a beleza do nascer do sol fez-me esquecer do meu pequeno problema.

Sansol, Torres del Rio e Viana são as povoações por onde fui passando com especial atenção para Viana que é muito gira. Um pouco antes de chegar a Viana já estava novamente a rolar pelo caminho e sem me lembrar da falta de travões.

Na descida para Logronho parei na banca da Sra. Felicia, uma das personagens do caminho que tem carimbo, e vende pequenas lembranças. Foi a Sra. Felicia que me explicou onde ficavam as lojas de bicicletas na cidade, logo na entrada e mesmo por onde passa o caminho temos a loja "Vini, Vici, Bici" - www.vinividibici.com

O senhor da loja foi super simpático e prestável mas não conseguia arranjar o meu problema, fez alguns telefonemas e enviou-me para uma loja da Specialized no centro da cidade - www.hogarciclos.com

Uma pouco mais de uma hora depois de ter deixado a bicicleta a arranjar estava pronta para seguir. Aproveitar para passear uma pouco pela cidade e para tomar o pequeno almoço com a curiosidade de terem o bolo de arroz exatamente igual ao nosso, com o papel e letras azul e aquela bolacha por baixo do bolo que nos esquecemos e mordemos também .o)

Segui viagem e pouco depois encontre-me na banca da maior personagem do caminho - Marcelino Lobato Castillo - Ermita del Peregrino Pasante, o 1º peregrino a fazer o caminho português da costa com as vestes do antigamente, sandálias, um burro e um cão. Todo um personagem com uma imagem imponente e umas grandes barbas brancas. Gerou-se uma empatia engraçada e fiquem muito tempo a conversar com ele e no final além de um poema ofereceu-me um fim com a concha de Santiago que guardo com muito carinho.

Este foi um encontro mesmo muito bom do caminho, mas lá tive de seguir viagem, pouco depois passa-se por uma cerca onde os peregrinos colocam cruzes de madeira viradas para a auto-estrada - um pouco estranho! a terra que se seguiu foi Navarrete com um largo muito bonito e uma igreja grande com música a tocar - impressionante! Segui por estradas largas de terra até à próxima terra , Ventosa que não tem nenhum interesse de especial.

Continuei e distraída com os meus pensamentos não vi uma seta enorme feita de pedras no chão e segui no sentido errado e que infelizmente era a subir muito e muito difícil. Depois de andar muito tempo sem ver setas resolvi-me a voltar para trás e lá encontrei novamente o caminho até Nájera também muito gira, continuei até Azofra e esta pode ser uma zona barrenta quando chove mas tive sorte. De Azofra até ao clube de golfe - Cirueña, vamos ter uma subida "valente".

Depois da subida vem uma bela descida de cerca de 5km até chegarmos a St. Domingo de La Calçada. Nestas estradas de terra começamos a encontrar um marcos muito giros com a indicação de quantos km faltam para Santiago de Compostela.

St Domingo é muito giro e o Albergue Confraria del Santo muito bom também - 7€

 

30.Agosto.2016

4º dia . Sto Domingo de La Calçada - Hornillos del Camino . 95km . Altimetria 1060m (ponto mais alto - 1159m)

Mais uma noite bem passada e como tal acordei ainda antes do despertador, tomei o 1º pequeno almoço que tinha comprado no dia anterior e lá me fiz ao caminho por volta das 7h00. Estrada de terra agradável (paralela à estrada nacional com muito tráfego) que vai passando por pequenas localidades muito giras até que chegamos a Beldorado onde o caminho está assinalado no chão com pés e mão de pessoas famosas que também fizeram o caminho e ali deixam alguma mensagem. Continuo sempre com subidas até chegar a Villafranca Montes de Oca para enfrentar a primeira grande subida do dia até ao alto de Valbuena (1162m).

Depois da subida temos uma forte descida e de seguida mais uma subida em que tive que sair da bicicleta. Segue-se uma terreno mais difícil, escuro e com pedras mas que felizmente desce um pouco e passamos Agés.

Depois de Atapuerca, entramos numa zona com pedras soltas que se transformar em grandes calhaus e as dificuldades da subida aumentam muito, é quase como escalamos com uma bicicleta com alforges às costas - penso que é impossível fazer este troço montada na bicicleta.

A determinada altura cruzo-me com dois bicigrinos em sentido contrário, percebi depois que estavam a fugir a esta parte muito difícil do caminho para quem viaja de bicicleta - Matagrande (1078m), uma zona muito estranha com muitas pedras muito escuras e que até parecem lixo e onde não se vislumbra qualquer trilho ou marcas de caminho. Esta descida é muito técnica e nada agradável pelo que é aconselhável ir-se com muito cuidado. No final da descida temos setas a apontar para dois caminhos diferentes, optei por ir no que dizia Villaval e percebi mais tarde que a diferença é que um passa pela vila (o que fiz) e o outro não. Infelizmente nesta parte do caminho existem muitos sinais vandalizados e grafitados :o(

Depois de entrar numa grande estrada empresarial chego a Burgos e perco completamente as setas, sei que tenho de chegar à Catedral e vou perguntando às pessoas como chegar. Quando ando tanto tempo afastadas da civilização confesso que me custa muito atravessar as grandes cidades por mais belas que estas sejam. Quando chego á catedral que é muito bonita, continuo sem conseguir encontrar o caminho e tenho de ir ao posto de turismo pedir ajuda, que foi a melhor coisa que fiz. Temos de deixar a catedral nas nossas costa passando pelo arco e atravessar a ponte e seguir para a direita pela ciclovia e ali já reencontramos novamente as setas.

Rola-se muito bem até Tardajos e Rabé de Las Calzadas. Daqui até Hornillo del Camino ainda subimos um pouco mas faz-se bem. Em Hornillos fiquem num agradável albergue "Hornillos Meeting Point"- 7€ onde jantamos todos os peregrinos e mais uma vez foi um momento muito giro. A localidade é muito pequena sem motivos de interesse mas o albergue vale a pena.

 

31.Agosto.2016

5º dia . Hornillos del Camino - Sahagún . 106km . Altimetria 614m (ponto mais alto - 938m)

Mais uma noite bem dormida e às 7AM estava a rolar. Até Hontanas o caminho é muito agradável, um pouco depois desta localidade o caminho entra na estrada e segue-se por aí até Castrojeriz. Antes de Castrojeriz passamos pelas ruínas de San Antón um local muito especial e bonito. Depois de cruzar Castrojeriz temos de atravessar uma estrada entrar num caminho para voltar a entrar numa estrada asfaltada. Depois entramos em terra e subimos até ao Alto de Mostelares (910m), uma subida e consequente descida difíceis. Depois de Itero resolvi entrar na estrada BU 400 e por aí seguir até Boadilla del Camino e assim continuei, passei Formista, e segui paralela ao caminho pelo asfalto, sem incomodar os peregrinos e a rolar melhor.

Viagem tranquila até Carríon de los Condes, um local bastante interessante e a maior localidade do dia até aqui. Continuamos mais 5km em alcatrão até que voltamos á terra e são 12km até Calzadillha de la Cueza e daí até Ledigos sempre paralelos à N-120, torna-se um pouco monótona esta parte do caminho. Antes de chegar a Sahagún passamos pela Ermita de la Virgem del Puente (interessante). A entrada em Sahagún é por uma zona feia mas rapidamente cheguei a um antigo mosteiro convertido em Albergue Municipal - 5€ e aí terminei viagem. Mesmo existe uma bar brasileiro e sabe sempre bem falar um pouquinho de portugês.

 

01. Setembro.2017

6º dia . Sahagún . Astorga . 112 km . Altimetria 664m (ponto mais alto - 920m)

Acordei às 6h tomei pequeno almoço num dos vários cafés já abertos nas rua do albergue e fiz-me ao caminho. Cerca de 5km temos um caminho alternativo e devemos seguir pela direita e entramos de imediato em Calzada del Coto, aqui está tudo um pouco confuso e apesar de estar avisada acabei por optar pelo lado errado, segui erradamente pela direita num estradão muito mau de rolar com zonas de muita pedras, em Calzadilla de los Hermanos entrei na estrada e foi a descer até El Burgo Ranero (este desvio penso que tem mais 7 a 8 km). Encontrei um Boliviano de bicicleta que também se tinha enganado e acabo pro ficar num albergue que encontrou por ali. O bom deste engano foi terem passado mesmo à minha frente dois veados!

é sempre a rolar até El Burgo Renero De regresso ao caminho certo e a Reliegos e continuamos para Villarente, durante todo este percurso o caminho vai colado uma estrada de alcatrão por onde optei ir. Em Villarente entro novamente no caminho e assim sigo até León. Antes da bonita cidade de Léon enfrentamos uma "bela" subida em terra e depois é sempre a descer até chegar-mos a um jardim com uma ponte e entramos na zona histórica da cidade. Não deixem de visitar a livraria IGUAZO com literatura de viagem e muitos guias do Caminho. A Catedral é imponente e o caminho leva-nos a passar em todos os pontos históricos da cidade, como em todas as grandes cidades o aglomerado de pessoas e a confusão dificulta encontrar-mos as setas, mas neste caso até estão bem visíveis se estivermos atentas.

Quando saímos do centro histórico vamos ter uma longa estrada com muito trânsito e aconselho a circular pelo passeio de formas a conseguirmos ver as setas. Quando começamos a subir vamos ter de virar à direita e continuar a subir (esta fase é muito feia) em Valverde de la Virgen optei por entrar na N120 que vai mesmo paralela ao caminho e assim sigo até Villadangos del Páramo e Hospital de Órbigo. Esta localidade é gira mas também um pouco estranha e temos de passar uma ponte muito interessante.

Depois de Hospital de Órbigo temos algumas fortes subidas e um pouco depois duas alternativas, ou junto à nacional ou mais por dentro. Optei por ir pela estrada de terra batida com subidas e descidas e mas a fazer-se bem e sem o barulho dos carros.

Depois de uma subida chegamos a um local muito estranho - Cruz de Valle (mais um) onde as pessoas deixam coisas e parece lixo, e existe um boneco vestido com roupas - mesmo muito macabro! Subimos mais um pouco para então começar a descer até San Justo de la Vega e até Astorga é um "tirinho"

A subida até ao centro de Astorga é que é das "bravas" e só consegui com a bicicleta à mão, assim que se chega ao final da subida temos o Albergue Municipal - 5€. Astorga é muito interessante e tem uma catedral imponente e mesmo ao lado uma obra de Gaudi.

 

02. Setembro.2017

7º dia . Astorga - Trabadelo . 89 km . Altimetria 1044m (ponto mais alto - 1501m)

Depois de mais uma noite bem dormida e de um belo pequeno almoço em Astorga (os cafés na rua do albergue estão abertos muito cedo e tem menus de pequeno almoço) fiz-me à estrada. O primeiro troço é por alcatrão e quando chegamos ao viaduto devemos segui-lo e não entrar no caminho de terra batida (enganei-me e segui pelo trilho e tive de voltar para trás) passado o viaduto seguimos por estrada até Murias, aqui entramos em estradão de terra e um pouco depois volta-se à estrada e começa-se a subir até Sta Catalina de Somoza e continuamos a subir até El Ganso. É uma subida progressiva que se vai fazendo bastante bem e assim continua até Rabanal del Camino (1150m). Em todo este troço o caminho vai paralelo á estrada quase juntos e opto por ir sempre pelo alcatrão não só pelo meu conforto mas também para não incomodar os peregrinos a pé que seguem no "caminho"

Em Rabanal volto à terra e pouco depois estou novamente no alcatrão. Em Foncebadón (1440m) opto por me afastar do "caminho" para seguir por estrada e assim chego a Cruz de Ferro (1504m). Este local tem uma cruz de ferro muito fina e muito alta onde os peregrinos depositam uma pedra transida de casa e que representa deixar os males que carregamos conosco até àquele local. Além de pedras (que é o que manda a tradição) os peregrinos deixam muito mais coisas o que mais uma vez dá um carácter algo macabro ao local (na minha opinião). Fotografias tiradas e rituais observados sigo caminho, descemos um pouco e enfrentamos nova subida (difícil) até Collado de las Antenas (1504m).

Seguem-se 15 maravilhosos km sempre a descer! ATENÇÃO: as bicicletas não devem seguir pelo "caminho" uma vez que é muito perigoso já morreu um bicigrino. Recomenda-se a estrada e com alguma atenção aos travões pois são 15km e podem aquecer (quando são de disco) o ideal é aproveitar e fazer umas paragens para desfrutar das paisagem .o). Passamos por Acebo, Riego de Ambros e Molinaseca que é um povoado muito interessante tal como os que passamos anteriormente.

E chega-se muito rapidamente a Ponferrada, que também é muito giro mas é já uma grande cidade no meio das montanhas. Segue-se até Villafrenca del Bierzo com subidas e descidas constantes. As localidades por onde passamos são mais feinhas mas Villafranca é também muito gira. Entramos depois numa estrada sem trânsito paralela ao rio e rolamos muito bem e entramos numa ciclovia paralela à estrada até chegar ao destino final do dia - Trabadelo.

Trabadelo é muito pequena e feia, quase que é apenas uma rua com um mini-mercado e dois albergues. Cheguei ainda cedo (16h30) mas como estava muito cansada e com muito calor resolvi ficar. Mas talvez tivesses sido melhor ir até Vega de Valcarce, 8km mais à frente. Em todo o caminho optei por dormir sempre na base de grandes montanhas de forma a "atacar" as subidas de manhã bem fresca e com forças renovadas.

Com apenas dois albergues resolvi ficar no Albergue Caminho e Leyenda que já tinha investigado na net e é muito giro e cedi ao luxo de ficar num quarto de 4 camas com colchões fofinhos e roupa de cama e imaginem toalhas turcas - que luxo! = 14€

No entanto acho que fui castigada por ceder á tentação do "luxo" e dormi bastante mal. Os donos do albergue sairam e eu fiquei sozinha outro peregrino que nunca vi num casarão enorme e durante toda a noite ouvi estalos fortes que penso eram as telhas da casa.

 

03. Setembro.2017

8º dia . Trabadelo - Portomarín . 89 km . Altimetria 2025m (ponto mais alto - 1353m)

Comecei o dia às 7h00 e neste inicio de jornada à que ter algum cuidado para não nos despistarmos (pois as setas não estão muito visíveis), cerca de 5km à frente passamos por uma bomba de gasolina e de seguida outra da Repsol e é só depois desta segunda bomba é que viramos á esquerda na direção de Vega de Valcarce (630m) e é depois de Vega que começamos com as dificuldades da Vega Valcarce. E temos uma subida difícil mas como é por estrada facilita um pouco mais. Em La Faba (900m) não passamos pela zona de casas e continuamos a subir e quando chegamos a Laguna (1200m) o pior está feito.

E aqui entramos na Galiza e também num caminho de terra, cuidado para não seguir erradamente pela estrada. Na parte inicial deste trilho tive de empurrar a bicicleta mas passados os primeiros km já consegui ir a pedalar.

A paisagem é muito bonita e acaba por ser mais uma agradável grande subida :o) e finalmente chego ao Cebreiro (1330m), um local muito bonito.

E finalmente descemos um pouco mas para voltar a subir até ao Alto de S. Roque (1270m) onde temos uma super peregrino onde não podemos deixar de tirar uma foto.

Fotos tiradas e momento apreciado e temos mais uma descida seguida de uma dura Alto do Poio (1337m) e começamos a sentir o porquê de se chamar às etapas da Galiza de "Rompe Piernas". E de Alto do Poio vamos numa agradável descida até Triacastela (o caminho e a estrada são paralelos). Em Triacastela o caminho oferece-nos duas opções, optei por segui pelo lado de Samos a cerca de 1km de Samos entramos num trilho e pouco depois deparamo-nos com a bonita vista do Convento de Samos - espetacular!

Continuo para Sarria sempre com subidas e descidas. O Caminho na Galiza é de uma beleza extrema por bosques "encantados" mas as sistemáticas subidas curtas e muito íngremes tornam estas etapas muito difíceis.

De Sarria a Portomarín o Caminho vai sempre por terra e com alguns troços de asfalto e outros em que tenho de empurrar a bicicleta. Estas subidas e descidas são muito duras e o cansaço pesa muito, felizmente que a aproximação a Portomarín (destino do dia) é a descer e de repente sou surpreendida com uma belíssima paisagem do Rio Minho - enorme!

 

04. Setembro.2017

9º dia . Portomarín - Santiago de Compostela . 97 km . Altimetria 1841m (ponto mais alto - 734m)

Acordei muito cedo, tinha comprado o pequeno almoço no dia anterior e arranquei ainda sem luz nenhuma, como não levava luzes optei por seguir pela estrada e penso que foi a melhor opção, uma vez que existiam já muitos peregrinos no caminho e é estreito. Começamos logo com uma subida bem dura até Monte Torros (551m) e segui sempre sem transito até Hospital de La Cruz (680m). Já no Caminho subo ainda para Ventas de Narón (700m) e continuo para Palas de Rei.

Os trilhos na Galiza são muito bonitos e o terreno é super agradável para rolar - estradão com poucos buracos e muita sombra, o problema são mesmo as constantes subidas curtas e íngremes. Continuei até Coto e aí entramos na maldita calçada romana que para mim é um martírio, optei por fugir para a estrada e seguir pela N-547 até Melide.

Volto ao Caminho e vou a um ritmo cada vez mais lento com o cansaço a ser cada vez maior vou passando por Arzúa, Alto de Sta Irene, O Pedrouzo, e Alto de Barreira e começo a ser invadida pela ansiedade de estar a chegar ao final deste Camiño e ao mesmo tempo o não querer chegar para não acabar, é uma sensação muito estranha.

E finalmente o Monte Gozo onde podemos começar a avistar Santiago de Compostela e a partir daí é sempre a descer até chegar à Praça do Obradoiro. :o) Fotografias tiradas e emoções passadas é altura de ir à Oficina do Peregrino levantar a Compostela e de seguida entrar no posto de correios mesmo ao lado da oficina e comprar a passagem para Lisboa de autocarro - ALSA e finalmente parar num bar a festejar com companheiros de viagem que casualmente voltei a encontrar nesta chegada a Compostela!

Em Santiago fiquei mais uma vez no Hostal PR Hortas muito perto da Praça - recomendo!

A oferta de restauração é muita mas fiquei com o Restaurante Casa Manolo como o meu preferido.

Guias Utilizados:

Michelin 160 - Camino de Santiago (pode comprar-se na loja do ACP nas Amoreiras)

Guia do Bicigrino 2016 (descarreguei net)

Meus Caminhos Rumo a Santiago de Compostela - Guia do Peregrino de Ma

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